O Vale Europeu foi o primeiro circuito criado no Brasil para cicloturismo e é muito prático por ser um trajeto circular (sai e chega de Timbó), o que facilita bastante a logística. Localizado no interior de Santa Catarina, passa por vários povoados e cidadezinhas de colonização italiana ou alemã, quase 100% em estradas de terra, muitas casinhas de madeira com jardins bem cuidados e sem portão, fazendas, agricultura muito variada, clima delicioso, pessoas queridas, canto de passarinho, sem miséria nem violência, (bastante) comida boa, chuva, noites estreladas, História preservada...
Estrategicamente, decidimos fazer o sentido inverso do que propõe a organização, pois desta maneira, pegamos as subidas mais fortes nos primeiros dias e conseguimos conciliar a pernoite no Zinco, que vale a pena. Gostamos bastante do roteiro em sentido anti-horário e recomendamos.
Os aventureiros na chuva
1o DIA
Campinas-SP - Timbó-SC
Viajamos de Campinas a Timbó num dia só. Ficamos no Timbó Park (R$ 82,00/casal, hotel grande, limpo, acesso internet) e lá fizemos nosso passaporte do ciclotur (R$ 10,00 cada). Jantamos comida alemã no Thapyoka (foi aqui que deixamos nosso carro durante o pedal, o local é seguro).
Nosso jantar
2o DIA
Timbó - Benedito Novo - Cedro Alto - Rio Milanês - Palmeiras
Subindo!!! Inicia a aventura!
Hoje foram 2 subidas: 1 grande e outra monstruosa, e pegamos bastante sol! Ainda bem que foi o primeiro dia... Saímos de Timbó às 8h felizes da vida. A primeira subida era com sombra, pedalando e empurrando, fomos nos maravilhando com o cenário. Várias pequenas propriedades rurais, com plantação de coqueiro, pinheiro, abóbora, arroz, cana e milho.
Muitas pessoas simpáticas pelo caminho pra dizer "bom dia", mas foi em Cedro Alto que encontramos a maior surpresa do dia!! Chegamos nesta vila na hora do almoço num domingo e fomos procurar por uma vendinha, até que vimos uma porção de gente aglomerada e fomos lá conferir o que era. Estava tendo uma festa local de uma das comunidades, com muita gente branquinha, de olhos azuis, cabelos louros e bochechas rosadas. O Renato foi conversar com o "Rei do Caneco", que pelo tipo físico, era o bebedor de cerveja oficial. Ele disse que poderíamos entrar "coloca as bicicletas ali e pode entrar que tem bastante comida lá dentro!!". Fomos entrando, olhando aquela maravilhosa surpresa, a banda começou a tocar uma música típica, entrei na fila pra comprar 2 fichas "vale meio-galeto", mas na verdade, só pegamos um.. O meio-galeto era enorme, nós dois não conseguimos comer inteiro. Além disso, tinha arroz, batata, mandioca, salada à vontade. Um casal de cerca de 65 anos que sentou à nossa frente, destruiu tudo, só deixaram os ossinhos. O Rê também foi prosear com o Rei do Bolão (boliche) e se tivéssemos ficado mais tempo, era prosa longa garantida!
Mas era preciso tocar em frente... Subida forte pela frente, barriga cheia, preguiça, sol forte do meio dia, pedras pelo chão = combinação perfeita para garantir sofrimento por 2 horas !! E foi isso mesmo! O galeto na nossa barriga até cacarejou! Em compensação, depois disso vem um platô, com sombra e um riozinho pra se refrescar, a paisagem ficou muito bonita com mata fechada e muito verde.
Chegamos em Palmeiras às 16:30h e fomos pra Pousada do Faustino (R$ 30,00/casal, local simplíssimo, com banheiro comunitário, um pouco de pó no quarto, quartinho para guardar bici, pudemos usar a lavanderia). Não tem como errar! Só tem uma rua no vilarejo e o Faustino é pousada, bar e restaurante, como descobrimos mais tarde. Depois de tomarmos um cafezinho da tarde, tomamos banho e demos um cochilo até as 20:45h, daí levantamos para jantar... O bar do Faustino estava fechado, saímos andando para procurar uma pizzaria, um bar, qualquer coisa, mas não havia nada! Só algumas casinhas com luz apagada, cachorros andando pela rua, grilos e sapo cantando, só a luz da rua acesa, de vez em quando passava um carro. Ficamos sentados na calçada olhando aquela escuridão toda, com fome, mas contemplando felizes. Tinha uma maçã na minha bolsa, que foi a janta do Renato.
3o DIA
Palmeiras - Alto Cedro
Das 8:40 às 14:30. Em Palmeiras gastamos R$ 47,00 para os dois (hospedagem, café da tarde, café da manhã e bolachas para a trilha do dia).
Palmeiras
Muitas subidas, iniciamos bem cedinho. A trilha inicial tinha bastante mata e sombra, clima fesco. Mais ou menos na metade do percurso a paisagem muda bastante, tornando-se seca e calorenta, com pouca vegetação (algumas de pinheiros apenas). Sem muitos locais para abastecer a água, encontramos uma cachoeirinha após 1h de trilha e um riozinho para refrescar quase no final. Lá pelas 12h furou meu pneu, remendamos e seguimos adiante. A paisagem era bem bonita nos primeiros 2/3, depois vem muita subida e fica árido demais, mas ainda assim bem mais tranqüilo que no 1o dia.
Alto Cedro: que bênção chegar no Parador da Montanha (R$ 110,00 hospedagem e R$ 40,00 o jantar por casal), a pousada mais charmosa de toda a viagem mais uma quantidade indescritível de mimos! Chegamos de surpresa, sem reserva, recebidos por 2 labradores lindos e pela Márcia, a gerente, uma pessoa muito querida, que deixou Blumenau pra viver uma vida simples, perto do lago, dos canários que ela alimenta no final da tarde... Só estávamos nós hospedados na pousada. O lugar é um sonho, com muita madeira e artesanato, quartos limpinhos e cheirosos, camas grandes, roupas de cama lisinhas e uma surpresa: havia uma maravilhosa jacuzzi para relaxar! Água morna, num lugar com vista privilegiada. Eu e Renato ficamos lá pensando na vida, e já chegando a fome, até que a Márcia apareceu com uma comidinha mais do que perfeita: arroz carreteiro, bolinhos de feijão, frango à passarinho e suco de acerola.
Que mimados!! À noite nos preparou outra surpresa: um jantar à luz de velas, com massas, salada, peixe e sobremesa (deixe o cardápio por conta dela!)
4o dia
Cedro Alto - Doutor Pedrinho
Das 10h às 14:30. Chega de chuva !!!
Começamos com o tempo bem fechado no primeiro terço da viagem, depois disso começou chuva que não parou mais. Bebemos pouquíssima água. Paramos numa capelinha linda no meio do caminho, quase sem casas ao redor, para comermos um pãozinho com queijo que trouxemos do Parador da Montanha, saímos logo porque estava esfriando o corpo. Neste percurso não há locais para abastecimento de comida e
água.
Chegamos em Dr. Pedrinho... nada em nós estava seco ou limpo, estávamos cheios de areia de cima a baixo. Com frio, sujos e com fome, fomos para a Bela Pousada, mas ninguém atendeu, estava fechada e talvez não tivesse ninguém lá. Seguimos para o Hotel Negerbon (R$ 50,00/casal, com lanche da tarde e café da manhã), recebidos pela Dona Ilda no hotel bastante simples e limpo. Depois de um banho quentinho, tomamos um cafezinho da tarde. Ela nos emprestou a lavanderia para lavar as imundícies e o varal para estender as inúmeras roupas molhadas, que não ficariam completamente secas até o dia seguinte. A chuva parou perto das 17h. Aqui não tem local que vende jornal ou revistas novas, mas tem lan house. Não que estivéssemos muito afoitos por isso, mas com tanta chuva, ficamos sem alternativa.
À noite andamos quase toda a cidade às 21h, estava um silêncio só. Parece que todo mundo já tinha ido dormir, apenas um bar-bolão-lanchonete aberto e com poucas pessoas lá. Ficamos observando como os muros das casas são baixos, algumas janelas semi-abertas, carro estacionado na rua... coisas que não vemos mais em Campinas.
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