Garanto que a foto da piscina do Caixa d’aço deu, pelo menos, água na boca. Realmente o lugar é fascinante. Em Trindade você tem basicamente cinco coisas para fazer:
1 – Curtir a vila, suas praias e seus tranqüilos, até demais, moradores;
2 – Fazer a trilha até a piscina do Caixa d’aço e na volta, caso goste, ficar pegando ondas na praia do Caixa d’aço.
3 – Fazer a trilha até a pequena cachoeira da pedra que engole e ficar se refrescando na água gelada ou brincando na pedra do escorrega.
4 – Visitar a histórica Paraty e seus encantos. Uma boa pedida é sair no primeiro barco que sai, ao retornar passear pelo centro histórico e seguir até Cunha para almoçar uma boa comida feita no fogão a lenha da fazenda Muricana.
5 – Pegar a estrada em direção a Ubatuba e ir entrando nas praias que ficam no caminho. Você não pode deixar de visitar a praia da Almada Brava. Uma praia deserta que o acesse é feito por uma trilha de aproximadamente vinte minutos. Uma filial autêntica do paraíso com suas águas quentes e cristalinas.
Saindo de Trindade passei por Campinas para visitar uns amigos, por São Paulo para o evento de 10 anos da Associação Brasileira de Motociclistas, onde recebi meu colete oficial confirmando o apoio a expedição “Pelas Curvas da América” e depois segui em direção para Morretes. Um acidente na estrada envolvendo uma carreta e um caminhão cegonha me fez pernoitar na pacata Registro. Uma noite de sábado iluminada por uma bela lua crescente e uma cidade com todos os costumes de uma boa e velha cidade do interior, onde no sábado as pessoas se encontram na praça principal e ficam até tarde conversando. A cidade está muito bem cuidada e seu povo é muito hospitaleiro. A grande dica é montar base na cidade e conhecer a famosa Caverna do Diabo localizada no caminho entre as pequenas cidades de Eldorado e Iporanga.
Para Morretes desci pela linda estrada da Graciosa. Quem gosta de natureza não pode deixar de visitar esse lugar. Ao longo da sua encantadora descida existem vários pontos de observação, espaços para churrascos e “pic nic’s”. Na parte de baixo, quase chegando em morretes, a estrada corta alguns rios e os visitantes aproveitam para fazer rappel nas pontes, tomar banho de rio ou descer no emocionante boiacross. Já na cidade pude desfrutar do inigualável barreado preparado pelo Leleco no restaurante Madalozo. Nos conhecemos na minha primeira expedição solitária em 2004 e foi bom reencontrar essa pessoa tão especial, que, além de maitre a 37 anos do Madalozo é um seresteiro de carteirinha. No restaurante eu e o Leleco fomos entrevistados para um programa da TVM de Ponta Grossa e pude almoçar com a simpática equipe do canal de televisão.
A próxima parada da expedição era Garopaba, mas como tudo estava muito tranqüilo até então, optei por chegar a Joinvile por um caminho alternativo, entrando por Itapoá e descendo por uma estrada de terra de 30Km até Estaleiro, onde uma balsa faz a travessia até Joinville. Segurar minha princesa carregada de bagagem na estrada de terra não foi fácil, ainda mais pela lama e areia que encontrei no caminho, no fim até que foi divertido, mas confesso que fiquei aliviado ao ver essa placa:
Em Garopaba pude matar a saudade de velhos amigos e desse lugar especial. Praia da Ferrugem, Praia da Barra, Praia do Rosa são algumas das opções de quem gosta de água salgada. Para os mais sossegados, subir na Vigia e ficar apreciando o mar e o litoral esculpido pelo Criador é uma boa opção. Entre julho e outubro esse é o melhor ponto de observação das baleias Franca, um espetáculo belíssimo. Já aqueles que não dispensam as trilhas, opções não faltam, mas a mais atraente é a trilha da Montanha Encantada que leva até a Pedra Encantada, de onde se pode ver toda Garopaba e, com dia claro, até Laguna ao sul.
De Garopaba segui pela BR 101 até Torres e de lá pela freeway até Porto Alegre onde peguei a BR 116 em direção ao Uruguai, pernoitando na cidade de Pelotas. Uma opção no caminho é sair da BR 101 na altura de Tubarão ainda em Santa Catarina e subir pela magnífica Serra do Rio do Rastro até a BR 116 e depois descer pela charmosa Serra Gaúcha até Porto Alegre. Na aventura de 2004 fiz esse caminho e foram as 10 horas de viagem mais belas dos 7250Km da expedição “Na Rota do Vento”.
Cruzei a fronteira do Brasil com o Uruguai pelo Chuí no dia 10 de abril de 2007 as 15 horas em direção ao meu destino, o Parque Nacional de Santa Teresa, localizado a apenas 30Km. O parque é o maior do Uruguai com 3.200 hectares e o seu nome vem da Fortaleza de Santa Teresa que fica ao lado e foi construída em 1762 pelos portugueses, donos da região na época. Apesar de ter sido abandonado com a independência do Uruguai em 1828 e o fim do período colonial, o parque está muito bem conservado, mas tudo graças a iniciativa do empreendedor arqueológico Horácio Arredondo que, a partir de 1923 comandou as obras de restauração, cirando, inclusive, um bosque com mais de 3 milhões de plantas. Dentro da imensidão do parque ficam cinco praias: La Moza (onde estou acampado), Las Achiras, Playa del Barco, Playa Grande e Cerro Chato.
Outra vantagem é a sua proximidade com o balneário Punta Del Diablo, uma enseada protegida por vegetação e rochas que avançam mar adentro, e com o cabo Polônio, um lugar inóspito onde aproximadamente 40 famílias uruguaias vivem em casas simples sem itens básicos como água e luz e dividem o lugarejo com uma das maiores colônias de lobos marinhos do mundo, abrigando mais de 300 mil animais.
Prometo conhecer tudo bem de perto e contar pra você os detalhes no nosso próximo encontro. Até lá...
Um grande abraço e boas estradas,
Rodrigo Ventura
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