Com 45% de seu território coberto pela Mata Atlântica, não é surpresa que Nova Friburgo conserve verdadeiros monumentos naturais praticamente intocados. E sem dúvida um dos grandes exemplos dessa preservação é a Pedra Riscada. Às margens da RJ – 142 ergue-se esse gigante que se destaca na paisagem de Lumiar. Totalmente cercada por mata nativa, ela recebe esse nome devido às ranhuras em seu corpo, frutos da ação da natureza ao longo dos séculos.
O acesso é feito por meio de uma trilha que tem início no Km 3 da rodovia serra-mar, e faz o visitante ter o primeiro contato com a natureza exuberante da região. A cada passo em frente vai se tendo a noção de que não será uma simples caminhada, não só pelas dificuldades do caminho, mas também pelas inúmeras e fantásticas cenas que seguirão. A variedade de vegetação encontrada é um banquete para todos os que gostam de fotografar ou simplesmente observar o verde e as outras cores que se mostram hora na flora, hora na fauna do percurso. Nos momentos em que a respiração se acalma um pouco é possível ouvir os sons da natureza em detalhes: vento, pássaros, tudo se combina formando um ambiente de tranquilidade total, que em nada lembra o asfalto em que estávamos minutos atrás.
Durante toda a caminhada, que pode ser considerada de nível médio/pesado, e é feita em cerca de três horas, pode se desfrutar do clima de montanha proporcionado pela mata fechada, e a cada minuto se deparar com as surpresas do caminho. Formações rochosas inusitadas, assim como uma pedra que nos dá a impressão de que vai desabar assim que o primeiro passarinho pousar sobre ela, dão um toque de humor, tornando o caminho ainda mais agradável, fazendo com que o cansaço vá sendo deixado pela trilha. Aliás, as pedras são companhia constante, de todos os tamanhos e formas estão espalhadas pelo chão, exigindo atenção dos que passam por elas para não tornarem o passeio ainda mais engraçado(pelo menos para os acompanhantes) com alguns tropeções e tombos.
Um pouco além da metade da trilha, as dificuldades começam a mostrar sua face. A trilha larga e de vegetação rasteira dá lugar a uma subida íngreme e repleta de pedras, onde a melhor maneira de subir é se agarrando a qualquer árvore ou pedra que possa ser usada como apoio. Em alguns trechos existem cordas fixas que devem ser usadas para a maior segurança, já que a umidade mantém o piso de pedra
constantemente escorregadio.
Nessa subida, que parece ser um caminho reto até as nuvens, ainda nos deparamos com mais três paredões de pedra. Um deles é vencido com auxílio de uma corda e uma precária escada improvisada com galhos. Após algum esforço na escada, chega-se a, adivinhem, mais um paredão. Esse o mais escorregadio e perigoso da trilha, na subida, e principalmente na descida. Nesse ponto já é possível avistar o céu com mais clareza e ter a sensação de que falta bem pouco para o grande momento do dia.
E ele chega, ao ficar de frente para o último obstáculo, a última rocha a ser escalada, você percebe que a mata se abriu, e acima só existe o céu. A adrenalina toma conta do corpo e depois da subida pela corda, vem aquela sensação de paz, onde o cansaço, os arranhões, os problemas no trabalho... nada importa. A primeira reação é a vontade de gritar, afinal.... Você está no topo!!!
É aí que se dá a mágica! Pode não ser o topo do mundo, nem mesmo do seu país ou cidade. Mas você está lá. E nesse momento, é a sua conquista! Não dessas que se conquista deixando para trás adversários. O que vale é sua vitória interior, saber que chegou lá por que apoiou e foi apoiado por todos os que se permitem viver esses instantes breves e intensos.
Agora é só curtir o que a natureza oferece. Os vales ao redor, as montanhas com suas formas e tamanhos que são um desafio àqueles que gostam de nomeá-las. Olhar pro horizonte e ver Lumiar. Pensar que depois da descida, vai ser a parada para repor as energias e rir das estórias que surgiram durante o dia. É isso que a Pedra Riscada compartilha com quem decide conhecê-la.
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