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Diversificar a clientela, ampliar o número de alunos e preencher horários de menor movimento e ainda sem a necessidade de grandes alterações na infra-estrutura é o sonho de qualquer gestor de academia.
Apostar em dois nichos aparentemente tão distantes como o infantil e a terceira idade oferece essa oportunidade. Segmentar o atendimento visando crianças e sêniors demanda mais planejamento e investimento em mão de obra especializada que em equipamentos exclusivos. Executados de forma correta, são garantia de maior rentabilidade.
Na verdade, o foco em crianças e idosos deve ser, até certo ponto, encarado como uma contribuição das academias para a saúde pública. O público infantil convive, em nível mundial, com o fantasma da obesidade.
A terceira idade tem cada vez mais representantes que precisam de atenção para se manterem ativos na sociedade. Tudo isso por 'culpa' do progresso. Mais tecnologia pode levar tanto a inatividade física precoce, como a longevidade. Nesse quadro, o papel da indústria do fitness é fundamental.
A terceira idade se aproxima
ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
Atualmente, a terceira idade representa algo próximo a 9% de uma população estimada de mais de 185 milhões de habitantes do Brasil, número que deve crescer nos próximos anos. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1980 existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças.
Em 2000, essa relação praticamente dobrou, passando de 30 para 100. Segundo projeção do próprio instituto, em 2050 teremos 105,6 idosos para esse mesmo número de meninos e meninas. Planejamento familiar e avanços no campo da saúde são os principais responsáveis por essa nova realidade.
Não apenas o Brasil, mas a América Latina e o mundo estão 'envelhecendo'. A boa notícia é que está envelhecendo com perspectivas - e necessidades - de se manter ativa. Os números do Censo 2000 apontam que 62,4% dos idosos são responsáveis pelos domicílios brasileiros, observando-se aumento em relação a 1991, quando representavam 60,4%.
Embora os dois últimos Censos tenham mostrado que a renda média da terceira idade ainda é menor do que a da população com até 59 anos de idade, seu crescimento foi maior nesse período, atingindo 63% entre 1991 e 2000 contra 42% dos 'jovens'.
De 1991 para 2000, o rendimento médio do idoso responsável pelo domicílio passou de R$ 403 para R$ 657. Separando por gênero, os homens ganham, em média, mais do que as mulheres: R$ 752 contra R$ 500.
Vítimas do sedentarismo
CRIANÇAS E OBESIDADE
Na outra extremidade estão meninos e meninas 'presos' em apartamentos e condomínios, limitados e seduzidos pelo trio computador/televisão/videogame, e famintos por guloseimas industrializadas e fast foods.
A má notícia é que este quadro não se limita somente a grandes centros e o risco da obesidade infantil cresce tanto no Brasil (estima-se em 10% a população infantil brasileira obesa, número cinco vezes maior que há 20 anos), como na América Latina, seguindo o que já ocorre, hoje, nos Estados Unidos. A boa notícia é que os norte-americanos começaram a se mexer e os latinos devem, gradativamente, fazer o mesmo.
Motivados pela inatividade dos pais, pelo entretenimento passivo e pelo virtual desaparecimento da Educação Física das escolas, as crianças norte-americanas deixaram os exercícios físicos de lado, provocando um quadro alarmante: hoje, segundo o Centers for Disease Control (CDC), elas têm expectativa de vida menor que seus pais.
Mais da metade revela pelo menos um dos fatores precursores de doenças do coração e diabetes, como pressão alta, níveis elevados de insulina e triglicérides, além de níveis baixos de colesterol 'bom' (HDL).
É difícil enxergar uma solução que não passe pelos fitness centers em um país onde a obesidade é problema de saúde pública. Em 2002, pesquisa da IHRSA revelou que mais de 25% de todas as academias dos EUA ofereciam programas para crianças e 8% tinham áreas específicas para o público infantil.
Números de 2004 da IDEA Health & Fitness Association mostram que 40% dos membros da entidade davam aulas para crianças. O crescimento não é de hoje. Desde 1987, o índice de crianças que freqüentam academias aumentou 223%, segundo a IHRSA. É o segundo grupo de novos membros que mais cresce.
Tal crescimento vem junto de uma abordagem diferenciada em relação às aulas de natação e de outros esportes, ampliando as possibilidades de entretenimento para gerar - e manter - o interesse das crianças em freqüentar as academias. A idéia é que, ao educá-las no sentido de demonstrar o quão importante - e divertido - pode ser o exercício físico, as receitas das academias possam mudar drasticamente.
Para tanto, as academias norte-americanas investem em planos que unem toda a família ao redor do estabelecimento, a fim de que os pais sirvam como inspiração para os filhos, assim como em aulas que estimulem o trabalho em grupo, deixando a competição dos esportes de lado, em atividades que vão desde ioga a hip hop.
Sobre o autor: Waldyr Soares é o fundador da Fitness Brasil, empresa especializada no mercado de fitness, saúde e bem-estar, no Brasil e na América Latina.
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