Toda a magia da maior colônia de aves marinhas do Brasil através do olhar do fotógrafo, especializado em temas do meio ambiente. A edição bilíngüe português/inglês conta um pouco da história dessas ilhas e mostra suas belezas naturais.
O livro Atol das Rocas é o primeiro sobre essa ilha oceânica do Brasil. O fotógrafo Luciano Candisani registrou imagens das areias das praias, os ninhais, as frestas dos recifes, as planícies de maré, o mundo azul abaixo da superfície do oceano, retratos de paisagens e animais únicos separados do continente pelo vasto oceano.
Pablo Nogueira - SP, 1/3/2003
Ver as fotografias reunidas em Atol das Rocas é viajar por algumas das paisagens mais belas e menos conhecidas do Brasil. Candisani revela ao leitor toda a exuberância que pode ser encontrada nas terras e nas águas de um dos mais antigos santuários ecológicos brasileiros.
Os atóis são anéis feitos de recifes, que se formam ao topo de montanhas submarinas de origem vulcânica. São 425 no total, a maioria situada nos oceanos Índico e Pacífico. Localizado a 240 km da costa brasileira, Rocas, como é chamado pelos mais íntimos, é o único atol em todo o oceano Atlântico. Uma pequena jóia, como mostram suas dimensões: uma laguna com 2, 5 km de extensão por 3,7 km de largura, dentro da qual estão duas ilhas, a do Farol (1 km de comprimento por 400 m de largura) e a do Cemitério (600 metros por 150 metros).
Nessas dimensões modestas vivem centenas de milhares de animais entre aves, peixes, mamíferos e crustáceos. Só o número de pássaros marinhos é estimado em 150 mil. Também é um porto seguro para tartarugas, que vão até lá para se reproduzir. A cada temporada são depositados 500 ninhos, que possuem, em média, 120 ovos cada. Esses números fazem de Rocas o segundo maior sítio de reprodução de tartarugas no país, só atrás da Ilha de Trindade.
A riquíssima fauna proporciona muitos dos melhores retratos do livro, com especial destaque para as fotos feitas embaixo d’água. Tubarões, moréias, raias, linguados, povos, lagostas, caranguejos e, é claro, tartarugas marinhas de todos os tamanhos aparecem em imagens capazes de tocar até os menos entusiastas da natureza. Além dos animais, Candisani fotografou também ruínas, tempestades em formação, a atividade dos pesquisadores, o Sol, o luar e até a incrivelmente transparente água da laguna durante a maré alta.
Tudo somado, Candisani parece ter capturado muito bem a atmosfera de encantamento e o clima de paraíso ecológico que envolvem o atol. Dá vontade de pegar o primeiro barco em Natal e fugir para lá. Mas quem não tem essa possibilidade - ou seja, a maior parte da humanidade - pode viajar nas páginas de Atol das Rocas. Já é uma belíssima viagem.