|
|
Este é o primeiro capítulo da série "Fotografia de Cavernas". Aqui, abordaremos a logística necessária à realização de uma correta documentação fotográfica em uma caverna, dicas, problemas e exemplos comentados.
Fotografar cavernas é ter o tempo ao seu lado - aliás, todo o tempo do mundo, pois tudo está alí, lenta e inexoravelmente seguindo seu curso... salões espetaculares e delicadas ornamentações ocultas na escuridão se revelam, magníficas, desafiam a imaginação e levam-nos a inevitáveis questionamentos, criando uma atmosfera envolvente e propícia à criação fotográfica, mas para isso é preciso que você "invente" a luz...
A fotografia de cavernas, em minha opinião, guarda grandes semelhanças com o still (produtos) realizado em estúdios, pois os princípios de iluminação empregados em cavernas podem ser muito semelhantes, naturalmente adaptados às circunstâncias.
Quando você entra em uma caverna, pode se deparar com diversas situações: salões de variadas dimensões, condutos amplos ou corredores apertados, tetos baixos, cachoeiras, abismos, salões com grande quantidade de ornamentações do tipo "flores de caverna", grandes colunas, estalactites e estalagmites variadas, além de uma grande quantidade de espeleotemas de múltiplos tamanhos e formas (a exemplo das flores).
E é aí que entra um dos maiores aliados do fotógrafo de cavernas: - o planejamento.
Levantando Informações Preliminares e o subsequente planejamento
Antes de ir a uma caverna, procure saber qual é o nível de problemas que será encontrado. Sim, porque fotografar cavernas é uma atividade problemática, em geral elas estão longe, caminha-se muito e às vezes em terreno ruim, às vezes mato fechado, às vezes há necessidade de descer abismos, rio para cortar, cachoeiras para descer (e subir depois) etc. Esses são alguns exemplos possíveis e prováveis do que se pode encontrar antes mesmo de você chegar em uma determinada caverna. Uma vez lá dentro, o ambiente é quase sempre de altíssima umidade, quando não molhado mesmo, totalmente escuro, ou seja, as condições reinantes sempre são bastante adversas.
Portanto, procure levantar informações sobre a caverna que você pretende documentar, e se possível vá antes, munido só de papel e caneta, e faça um roteiro. Se vai uma vez só, ao chegar ao lugar, conheça-o antes e depois inicie o trabalho já roteirizado, pois em locais muito ornamentados você terá grandes chances de perder muito tempo e sair com um baixo aproveitamento, pelo simples fato de não ter planejado antes. Você simplesmente não pode desempacotar os equipamentos, fazer algumas fotos, proteger e empacotar tudo, dar algumas dezenas de passos, se maravilhar com algo e desempacotar tudo de novo... Se você vai começar pelas flores de cavernas, ou por espeleotemas pequenos de um modo geral, não precisará de grande quantidade de equipamento, mas é de suma importância dar uma percorrida sem a câmera nos arredores e listar as ornamentações que vai fotografar, os ângulos escolhidos, aonde vai o flash, se vai rebatido ou direto (ornamentações muito brancas e pequenas ficam melhores com luz rebatida) etc.
Fotografando os Salões
Agora, caso pretenda começar capturando a grandeza e profundidade de salões ou condutos amplos, então vai precisar de mais pessoas com você, maiores estratégias traçadas e combinadas entre todos, mais equipamentos, flashes maiores e mais potentes, e consequentemente mais baterias, equipamentos estanques, comida, líquidos etc, além de meio de transporte para tudo isso... enfim, a quantidade de itens e recursos necessários pode dar um salto considerável, basta que você determine o rumo dos trabalhos.
E, no fundo, será sempre uma experiência de tentativas e erros, cada vez mais "acertando o passo". Quando se fotografa cavernas, torna-se comum obter um resultado insatisfatório ou até mesmo razoável em determinada foto e, uma vez de volta àquela caverna, refazermos a mesma, desviando-se dos erros anteriores, obtendo assim um resultado mais "afinado".
Por João Paulo Mazzilli Costa
Do site Geosfera.com.br
|
|
|
2leep.com
Deixe seu Comentário
|
|
|